Reforma geral no Hospital João XXIII custa R$ 100 milhões

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Catracas para controlar acesso é uma das medidas que estão sendo adotadas com recursos deste ano

Com uma construção de mais de 40 anos, o Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII precisaria do investimento de R$ 100 milhões para promover uma “reforma gigantesca” e funcionar da melhor forma. O ideal seria mudar o atendimento para outra edificação, segundo a diretoria assistencial da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). De acordo com o órgão, foi possível investir R$ 6 milhões em obras e equipamentos neste ano.

A estrutura tem problemas variados, sobretudo nas áreas hidráulica e elétrica. “O hospital está caindo aos pedaços. Sou capaz de arriscar que, se pegar fogo, vai virar uma catástrofe. Não tem recurso nenhum de prevenção. É uma questão que ultrapassa os limites da diretoria e até da presidência da Fhemig, porque depende de verba do governo”, diz o cirurgião geral e de trauma do HPS, Rômulo Souki.

“O hospital sempre teve dificuldades, mas, nos últimos anos, vem sendo sucateado. Consertam um cano, estoura outro. Cai a luz só porque alguém colocou celular para carregar. É preciso atenção real dos próximos governantes se quiserem que o João XXIII continue salvando vidas com qualidade”, completa.

O diretor clínico do HPS, Marcelo Girundi, relata problemas constantes nos elevadores: “Há seis elevadores cotidianamente estragados. Já aconteceu ao longo deste ano de todos estarem parados. Se um paciente tem uma parada cardíaca em um andar, como ele vai ser levado para o CTI?”.

Reformas. A última manutenção no hospital foi em 2011, com a previsão de que novas obras seriam feitas nos anos seguintes. No entanto, somente no segundo semestre do ano passado, com uma nova diretoria, as intervenções começaram. “O ideal mesmo era outro prédio, mas, como não temos condições financeiras, vamos fazendo consertos. Nesse um ano e meio, reformamos os banheiros dos funcionários, pintamos andares que estavam há muito tempo sem reforma e trocamos vidros de cerca de 70 janelas. Estamos instalando catraca de controle de acesso”, detalha o diretor assistencial da Fhemig, Marcelo Lopes Ribeiro.

Segundo ele, foram iniciadas obras nas partes elétrica e hidráulica, mas não há previsão de conclusão. “Nossa parte elétrica tem 45 anos e precisa de reforma urgente. Há risco de incêndio”, disse Ribeiro, ressaltando que há parceria com o Corpo de Bombeiros para formar brigadistas no hospital.

O HPS não tem o Auto de Vistoria da corporação, o qual atesta a adoção de medidas contra incêndio e pânico. Em vistoria em 2017, bombeiros constataram necessidades como adaptação do elevador de urgência e instalação de extintores. “A diretoria vem tentando fazer as adequações”, afirma o capitão Marcus Vinícius Maia.

Greve. Em 12 de junho deste ano, médicos do João XXIII entraram em greve para cobrar, entre outros pontos, melhoria da estrutura da unidade. A paralisação acabou em agosto.

Servidores afirmam que faltam materiais e medicamentos

Atrasos no pagamento de fornecedores estariam provocando a falta de materiais e medicamentos no HPS, de acordo com os servidores.
Segundo o diretor clínico da unidade, Marcelo Girundi, há faltas pontuais de itens ortopédicos, como pinos e parafusos, e de alguns tipos de medicamentos: “Às vezes, acaba na improvisação. Eu tenho que descrever isso no prontuário médico, o que é uma forma, inclusive, de me proteger profissionalmente”.

De acordo com o enfermeiro e diretor da Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais, Carlos Augusto Martins, é também comum faltarem tipos específicos de seringas, antibióticos e curativos. “A gente acaba fazendo o procedimento usando um material que não é o mais indicado”, pontua.

O diretor assistencial da Fhemig, Marcelo Lopes Ribeiro, afirmou que não há problema de falta de medicamentos e materiais. “Isso a gente tentou amenizar o máximo possível. A gente tem muito fornecedor que está atrasado. Faltar, não faltou, mas a gente tem medo que falte”, diz.

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