No mais novo capítulo do embate judicial entre a Americanas e o BTG Pactual, a varejista anexou documentos ao processo que corre no Trinbunal de Justiça de São Paulo para acusar o banco de ter sido conivente com o rombo de R$ 20 bilhões no balanço.
A tese defendida pela Americanas é de que o BTG também não informou a auditoria contábil, feita pela PwC, sobre a existência de dívidas que não foram lançadas da forma correta nas demonstrações financeiras da varejista. A informação foi divulgada inicialmente pelo jornal O Estado de S.Paulo.
“O BTG também teve participação nos atos que culminaram no cenário periclitante atual. Aliás, não apenas participação, mas conivência e culpa”, dizem os advogados da Americanas.
Na semana passada, a Justiça concedeu ao BTG uma liminar para manter bloqueados R$ 1,2 bilhão em contas das Americanas, como garantia do pagamento de dívidas da varejista com a instituição financeira.
O banco teria recebido pedidos de carta de circularização da PwC para averiguar a existência e o tamanho de dívidas contratadas pela Americanas com o BTG.
Carta de circularização é um documento usado pela auditoria para checar se as informações prestadas pela empresa auditada são fidedignas. Por exemplo: a Americanas informa à PwC possuir um financiamento de tal valor com determinado banco. A auditoria, então, pede ao banco uma carta de circularização para atestar que o valor do financiamento e as condições informadas pela empresa estão corretas.
Segundo os defensores da Americanas, ao responder a PwC, o BTG não teria mencionado as operações de risco sacado (um adiantamento de recebíveis que os bancos forneciam à varejista, para que ela pagasse fornecedores), “possivelmente por considerar tal operação de ‘Risco Sacado’ como sendo meramente comercial e não uma dívida financeira”, opinam os advogados da empresa.
O banco trava uma disputa judicial com a Americanas há semanas, em uma empreitada para provar a responsabilidade da gestão da varejista no problema e para reaver os mais de R$ 3 bilhões concedidos em empréstimos para a empresa.
Tese já foi defendida pelos acionistas de referência
No último dia 22, os sócios bilionários da Americanas divulgaram uma nota para falar do problema contábil que engoliu a empresa. No documento, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, donos de 31% das ações da varejista, dizem que não sabiam do problema e jamais admitiriam uma manipulação contábil.
“Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade”, disseram eles.
Foi uma tentativa de dividir a responsabilidade pelo ocorrido. Os sócios dão a entender que nem a auditoria e nem os bancos acusaram qualquer irregularidade, mesmo tendo, em tese, todas as condições para fazer isso.
“Portanto, assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto”, escreveram Lemann, Sicupira e Telles.
Os bilionários dizem que o comitê independente contratado pela Americanas para apurar os fatos avaliará “a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras”.
Por quebra de simetria pode-se entender uma eventual troca de informações incompletas, seja porque os bancos prestaram as informações sobre os financiamentos dessa maneira, seja porque a auditoria foi menos diligente do que deveria ao exigir tais informações.
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