Não existe presente de governo estrangeiro a presidente da República que chegue escondido ao Brasil, em mochila ou bagagem de assessor. A conversa mole já começa por aí. Mimos oficiais são oferecidos abertamente em cerimônias e encontros oficiais ou enviados por meio de canais oficiais, como os diplomáticos.
Não há nada de oficial nem no transporte das joias que Jair Bolsonaro tentou tirar da Receita Federal, no aeroporto de Guarulhos, nem no próprio valor desse conjunto de peças, 16,5 milhões de reais, do qual o ex-presidente conseguiu ficar com uma parte, a título de “presente personalíssimo”, balela que contraria as regras estabelecidas pelo TCU.
O suposto presente oficial, uma fortuna injustificável de qualquer ponto de vista lícito, teria vindo de um vago “governo da Arábia Saudita”. Uma ova que se junta a outras ovas. Veio é diretamente do príncipe saudita Mohammad bin Salman, o tirano que gosta de fazer picadinho de carne de jornalista que ousa denunciar as suas atrocidades. Por que Mohammad bin Salman foi tão generoso com o Jair?
Essa é a pergunta a ser feita. No recente escândalo de corrupção que abalou o Parlamento Europeu, soube-se que o Qatar corrompia deputados com dinheiro vivo, para defender os seus interesses na União Europeia. Escarafunchando mais a história, descobriu-se que o Qatar também dava joias e outros objetos de valor “de presente” a burocratas de Bruxelas. Havia até uma gradação de valores dessas peças, a depender do cargo que eles ocupavam. Os escalões mais baixos recebiam, por exemplo, canetas Montblanc. Quanto aos mais altos, o céu poderia ser o limite.
Repetindo a pergunta: por que Mohammad bin Salman foi tão generoso com o Jair?
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