Militares indicados na governo Bolsonaro mantém o comando de uma empresa estatal estratégica que integra o projeto do submarino nuclear brasileiro.
A Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A, ou Nuclep, vinculada ao Ministério das Minas e Energia, é comandada pelo contra-almirante Carlos Henrique Silva Seixas desde 2017. No governo Bolsonaro, outros 12 militares passaram a ocupar cargos comissionados na empresa (veja a relação abaixo).
Esses militares são ligados ao ex-ministro das Minas e Energia de Bolsonaro, o também almirante Bento Albuquerque, o mesmo que esteve envolvido no caso das joias do governo saudita que entraram no Brasil ilegalmente.
Além de atuar no projeto do submarino nuclear brasileiro, que se arrasta por quase 40 anos, a Nuclep fornece equipamentos para a Petrobras e as usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2.
Desde a eleição de Lula, os funcionários da empresa pressionam o governo pela mudança de comando.
No dia 23 de março, quando o presidente visitou a sede do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), em Itaguaí (RJ), os servidores da Nuclep, que fica na mesma instalação, promoveram um ato de repúdio que preocupou os militares que acompanhavam Lula.
O principal alvo das críticas é o presidente da Nuclep, almirante Seixas, que teria promovido diversos ataques a Lula e feito declarações em defesa do regime militar em suas redes sociais antes do resultado das eleições.
“Falem o que quiserem, mas os presídios brasileiros da época do regime militar deveriam servir de exemplo para o resto do mundo. Eles sim recuperavam os presos. Entraram sequestradores, assassinos, ladrões de banco… Saíram deputados, governadores, ministros e até dois presidentes”, dizia um print de conversa no WhatsApp publicado pelo almirante, onde endossava: “Pura verdade!!!”.

Os servidores também repudiam a demissão de mais de 100 funcionários, que chegaram a ser escoltados, no interior da empresa, para assinar o encerramento de seus contratos de trabalho.
Parte desses trabalhadores conseguiu ser readmitida por determinação do Ministério Público do Trabalho e a Nuclep precisou assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que impede novas demissões em massa.
“Em qualquer organização, essa mão de obra altamente experiente e qualificada é considerada uma reserva técnica extraordinária, capaz de transferir conhecimento para os novos empregados. Os trabalhadores querem uma nova governança, com mais diálogo com a direção da empresa”, afirmam os servidores em documento elaborado em assembleia geral da categoria.
Veja a lista de militares em cargos comissionados na Nuclep:
1. Presidente: Carlos Henrique Silva Seixas – Contra-Almirante;
2. Diretor Administrativo: Oscar Moreira da Silva Filho – Contra-Almirante;
3. Diretor Industrial: Sérgio Augusto Alves Fernandes – Capitão-de-Mar-e-Guerra;
4. Gerência Geral de Planejamento e Finanças: Genildo Rodrigues de Araújo – Capitão-de-Mar-e-Guerra;
5. Gerência Geral de Compras e Serviços: Fernando de Jesus Coutinho – Capitão-de-Mar-e-Guerra;
6. Gerência Geral de Segurança do Trabalho, Meio Ambiente e Saúde: Álvaro Acatauassu Camelier – Capitão-de-Mar-e-Guerra;
7. Gerência Geral de Recursos Humanos: Álvaro Jose da Fonseca Costa – Capitão-de-Mar-e-Guerra;
8. Presidente do Conselho Administrativo: Ney Zanella dos Santos – Vice-Almirante;
9. Conselheiro Administrativo: Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar – Almirante de Esquadra;
10. Membro do Comitê de Auditoria: Luciano Campos Frade – Capitão-de-Mar-e-Guerra;
11. Membro do Comitê de Auditoria: Luís Odair Azevedo Gomes Raymundo – Capitão-de-Mar-e-Guerra;
12. Gerência Geral de Segurança Patrimonial e Infraestrutura: Gilberto Barros dos Santos – Capitão-de-Mar-e-Guerra;
13. Gerente Geral de Contratos: Nilo de Almeida – Capitão de Fragata.
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