Um ativista do Distrito Federal anunciou que vai viajar para Gaza, região da Palestina centro do conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas, e gerou polêmica nas redes sociais. Thiago Ávila, comunicólogo e ex-candidato a deputado distrital pelo PSol, disse ter tomado a decisão “porque está havendo um genocídio”.
Em vídeo, Thiago contou que fará a viagem por haver necessidade de comunicadores cobrirem a situação em Gaza. Além disso, detalhou que aguarda um filho com a esposa e que o parto dela está previsto para as próximas sete ou oito semanas.
“Não é um momento qualquer, porque está havendo um bloqueio midiático, um boicote das redes sociais, tentando impedir que a verdade passe. Portanto, é muito útil que tenhamos pessoas comunicadoras o mais próximo da situação [possível]. Seja aqui, em contato com todo mundo, e lá também, em contato com as pessoas no cotidiano, para trazer cada vez mais a verdade”, afirmou.
Assista:
Thiago acrescentou que viaja nesta sexta-feira (10/11) e pediu que os internautas compartilhem conteúdos dele e de outras pessoas que produzem materiais na internet sobre o conflito. “Você compartilhar faz muita diferença”, declarou.
“Eu queria não precisar fazer isso. Queria estar fazendo poesia, tocando violão, plantando alimento agroecológico, semeando amor, carinho e alegria pelo mundo, mas a responsabilidade histórica desse momento demanda outra tarefa de nós.”
O vídeo rendeu mensagens de apoio e com críticas. Enquanto alguns o parabenizaram pela atitude, com comentários de admiração e desejo de proteção, outros criticaram a ida. A jornalista e pesquisadora Luka Franca, por exemplo, considerou a medida uma “demonstração de falsa moralidade ativista” e de “síndrome de salvador branco”.
Luka lembrou que Thiago anunciou uma candidatura coletiva à Câmara Legislativa, em 2018, com uma indígena, uma negra e uma pessoa em situação de rua, mas com o nome dele na urna, como liderança do coletivo; por isso, classificou o caso mais recente como “uma forma de se auto-promover”.
“A companheira dele compreender e apoiar a decisão de ir para Gaza não o exime da responsabilidade que ele tem. Utilizar esse argumento é não compreender a forma como, estruturalmente, o trabalho de cuidadores é imposto a nós e não aos homens. […] Não tenho apreço por quem utiliza lutas necessárias de forma oportunista”, escreveu a jornalista.