CPI do DF descobre financiamento de fazendeiro ao cacique Serere

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Documentos obtidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), mostram o financiamento de um fazendeiro de Mato Grosso ao indígena José Acácio Serere Xavante, conhecido como cacique Serere.

A movimentação bancária mostrou o recebimento de R$ 17 mil, em 5 de dezembro de 2022.

Os valores foram enviados pelo produtor rural Maurides Parreira Pimenta, conhecido como Didi Pimenta, de Campinápolis (MT), ao cacique Serere. Exatamente uma semana depois da transferência, o indígena, que vinha fazendo várias mobilizações em Brasília contra o resultado das urnas, instigando um golpe de Estado, acabou preso e gerou uma rebelião de bolsonaristas.

No dia 12 de dezembro de 2022, após a prisão de Serere, apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir a sede da Polícia Federal em busca do indígena, entraram em confronto com as forças de segurança do DF, depredaram prédios, incendiaram veículos e atacaram uma delegacia.

A CPI tentava apurar as motivações dos movimentos de indígenas contra o resultado democrático das eleições daquele ano.

Na quebra de sigilo bancário do cacique, o valor de R$ 17 mil confirma Didi Pimenta como financiador. Um vídeo do fazendeiro assumindo o financiamento já tinha vindo à tona. O produtor rural chegou a se filmar pedindo mais dinheiro, dizendo ter enviado oito ônibus com indígenas para Brasília.

 

Na CPI, em agosto, o indígena negou que conhecia o fazendeiro. O cacique chegou a ser confrontado com o vídeo de Didi Pimenta e chamado de mentiroso pelo presidente da Comissão, Chico Vigilante (PT).

O nome de Serere deve constar entre os pedidos de indiciamento da CLDF. O relatório final tem previsão de ser apresentado ainda em novembro.

O indígena xavante José Acácio Serere ficou preso entre 12 de dezembro do ano passado, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), e 9 de setembro deste ano.

A soltura do militante bolsonarista, que estava detido em Brasília, foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, sob condição do uso de uma tornozeleira eletrônica.