São Paulo – O impasse provocado pela falta de opções fez com que o fluxo de usuários da Cracolândia permanecesse nesta sexta-feira (10/11), pelo segundo dia consecutivo, no mesmo lugar, a Rua dos Protestantes, centro de São Paulo.

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Fluxo da Cracolândia nesta sexta-feira (10/11)
William Cardoso/Metrópoles

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Fluxo da Cracolândia nesta sexta-feira (10/11)
William Cardoso/Metrópoles

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Fluxo da Cracolândia nesta sexta-feira (10/11)
William Cardoso/Metrópoles

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Moradores da região da Cracolândia fazem protesto perto da estação da Luz contra a presença do chamado fluxo
William Cardoso/Metrópoles

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Equipe de limpeza da prefeitura na região da Cracolândia
William Cardoso/Metrópoles
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Até mesmo tapumes foram retirados na primeira quadra da via para que os dependentes químicos ganhassem mais espaço, em uma aglomeração que passa das 1.000 pessoas durante o período noturno. Foram mantidos apenas os tapumes virados para a Rua General Couto de Magalhães.
Nesta sexta, não foi realizada, até às 19h30, nem mesmo a limpeza que costuma ocorrer no fim da tarde, quando usuários são deslocados para outro ponto para o trabalho dos funcionários da prefeitura. Por volta das 19h40, trabalhadores da limpeza aguardavam o reforço da GCM para fazer o serviço.
Durante a semana, o fluxo chegou a ser direcionado para a Rua Mauá, na lateral da Estação da Luz. Mas na quinta (9/11) houve um protesto de moradores da Ocupação Mauá, que impediu a aglomeração no local.
Embora não houvesse movimentação alguma para levar usuários até a rua, moradores da Mauá se mobilizaram novamente no início da noite para “fechar” a via aos usuários. Na última terça-feira (7/11), dezenas de usuários de crack invadiram a estação da Luz por um portão lateral, que normalmente fica fechado. O fluxo foi direcionado para a Rua Mauá, o que provocou tumulto em várias ruas da região da Cracolândia.
A prefeitura nega que direciona o fluxo ou que escolhe um local para deixar usuários. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse nesta sexta que só define os locais onde eles não podem ficar.
“Para onde eles vão, a gente não tem como determinar, definir ‘vai para cá ou vai para lá’. Até porque, se eu tivesse forma de fazer isso, vou ser muito sincero com você, eu pediria que eles ficassem em um local bem longe de gerar incomodidade para as pessoas. Porque eles estão em uma condição de uso de dependência química e gerando incômodo para milhares de pessoas”, disse Nunes.
Após a frase, o prefeito ressaltou que 2 mil pessoas com dependência química estão em tratamento médico na cidade e que as cerca de 1.200 pessoas que estão no fluxo poderiam se tratar, caso quisessem, porque há vagas, de acordo com Nunes. Neste contexto, ele refez a frase. “O que a gente tem é o acompanhamento. Eu queria falar: se eu pudesse falar para onde eles vão, eu diria que é o tratamento”.
Na prática, ao deixar apenas uma opção entre tantas quadras da Cracolândia e ao cercar o local com a Guarda Civil Metropolitana, a administração municipal define o local do fluxo.