Enel diz que 80 mil estão sem luz e evita dar prazo para indenizações

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São Paulo – O diretor-presidente da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, disse que 80 mil imóveis ainda estavam sem energia na manhã desta quinta-feira (16/11), em decorrência das chuvas que atingiram a Grande São Paulo na noite de quarta, durante audiência da CPI da Enel na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Em seu depoimento, Cotugno evitou fixar uma data para apresentar um plano de indenizações para as pessoas que ficaram até seis dias sem energia, no começo do mês, por um apagão causado após uma forte tempestade.

O diretor-presidente da empresa, cidadão italiano que fala português com sotaque, começou a audiência tentando esclarecer um mal entendido. Ele se desculpou pelos transtornos causados pelo apagão e disse que, quando deu uma entrevista há duas semanas, em que disse que “não era para nos desculparmos”, atribuiu a fala ao mal entendimento da língua.

“Infelizmente, a palavra italiana para desculpar é dar elementos para tirar a culpa de si. Então, usei essa palavra com uma má tradução, para falar ‘eu não quero evitar responsabilidade’”. Cotugno disse que, só no dia seguinte, lhe explicaram de que forma a frase foi entendida.

Feito o esclarecimento e renovado o pedido de desculpa, o diretor-presidente afirmou a empresa havia reforçado o número de equipes nas ruas, com a 652 equipes trabalhado, mas disse que 290 mil imóveis ficaram sem energia por causa da chuva desta quarta. “Reduzimos hoje para 80 mil (imóveis). E, no final do dia e começo da noite, normalizamos a todos”, prometeu.

Indenizações

Os deputados estaduais passaram parte da sessão pressionando o executivo para que a empresa apresentasse um plano de reembolso para as pessoas que tiveram prejuízos com os apagões. A empresa já havia citado, em reunião com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na semana passada, que elaboraria um plano.

“Quando falei ’em breve’, era de verdade em breve. Será prioridade da empresa elaborar e definir esse plano. Se falasse agora que é em três dias, ou em quatro, ou em um, poderia não ser correto e honesto com vocês. A gente não está só avaliando diferentes opções”, afirmou.

Cotugno disse que a Enel deverá ter uma reunião para tratar do tema com o Procon em uma reunião na tarde desta quinta.

Os deputados fizeram críticas à palavra “em breve” e passaram a pressionar o executivo. Após eles dizerem que haverá uma nova audiência da CPI no próximo dia 28, Cotugno afirmou acreditar que, até tal data, o plano estaria definido. Os deputados tomaram a data como um prazo dado pelo executivo.

“Tenho praticamente total certeza de que será antes do dia 28. Não estou tentando não ser claro com a data para jogar a bola no futuro. Não é isso. Eu quero, com transparência e respeito, falar o dia X se depois é mais um dia”, afirmou.

Apagões recorrentes

Ainda no depoimento, Cotugno classificou como “normal” a chuva de ontem, mesmo com os quase 300 mil atingidos pela falta de luz, e afirmou que, em casos assim, o fornecimento é reestabelecido em 24 anos. “O evento do dia 3 foi fora da curva e aí estamos tentando fazer mais, entender melhor quais são as medidas para mitigar esses eventos extraordinários”.