Os esforços globais para que o aquecimento no planeta se limite a 1,5° C nos próximos anos estão falhando a cada dia. Mas os especialistas apontam que não dá para desistir da meta colocada pelo Acordo de Paris para 2030 e 2050. Um estudo chamado Estado da Ação Climática 2023, por exemplo, traz um roteiro para o mundo evitar os impactos climáticos do desenvolvimento.
A preocupação é o perigo que as mudanças climáticas trazem à biodiversidade e à segurança alimentar. E o alvo do relatório está, principalmente, nos setores que respondem por cerca de 85% das emissões globais de gases de efeito estufa. Assim como os setores focados na remoção tecnológica de carbono e do financiamento climático.
O estudo conclui que os progressos alcançados na interrupção das mudanças climáticas seguem inadequados. Segundo o documento, 41 dos 42 indicadores avaliados não estão no caminho das metas para 2030. Metade dos índices, na verdade, ainda seguem pela metade. E pior: seis deles estão completamente na direção oposta.

3 Cards_Galeria_de_Fotos (6)
No Brasil, devido a localização e imensidão territorial, diversos climas são identificados. Contudo, seis deles são considerados marcantes: tropical, tropical úmido, tropical de altitude, subtropical, equatorial e semiárido
Getty Images

****Foto-pessoa-com-maio-pulando-em-agua.jpg
No clima tropical prevalece a presença de altas temperaturas durante boa parte do ano. Nele, duas estações passam a ser bem definidas: chuvosa, entre outubro a abril, e seca, entre maio e setembro. O Centro-Oeste e estados como Bahia, Ceará, Piauí e Minas Gerais são as regiões afetadas por esse tipo de ambiente
Ira T. Nicolai/ Getty Images

****Foto-adulto-brincando-com-crianca-em-parque.jpg
Tropical de altitude é caracterizado por temperatura média que oscila entre 17°C e 22°C. Regiões serranas, especialmente no Sudeste, onde o clima é predominante, há baixa amplitude térmica
Tom Werner/ Getty Images

****Foto-mar-azul-com-monte-verde-ao-fundo.jpg
O clima tropical úmido é caracterizado pela presença de temperaturas relativamente altas e muita umidade. Ele ocorre, sobretudo, no litoral oriental e sul do Brasil
Getty Images/ Getty Images

****Foto-pessoas-deitadas-em-frente-a-lareira.jpg
Já o clima subtropical, prevalente na região Sul, é definido por alta amplitude térmica, boa distribuição de chuvas e presença de geadas. No decorrer do ano, as temperaturas giram em torno de 18°C
Anastasiia Krivenok/ Getty Images

****Foto-sol-clima-quente.jpg
Semiárido é o clima cujas temperaturas permanecem altas durante todo o ano. Regiões do Nordeste, principalmente no interior, são afetadas por esta atmosfera. Por isso, nesses locais as chuvas são escassas e má distribuídas. Durante o ano, as temperaturas podem variar entre 26°C e 28°C
Katrin Ray Shumakov/ Getty Images

****Foto-floresta-amazonica.jpg
No clima equatorial, identificado na região Norte, elevadas temperaturas e muita umidade são responsáveis por garantir chuva em abundância. As temperaturas, que podem variar entre 24°C e 26°C durante o ano, influenciam diretamente na floresta amazônica
LeoFFreitas/ Getty Images

****Foto-extrema-onda-de-frio.jpg
Apesar de o que possa parecer, clima e tempo são coisas distintas, mas que se complementam. O clima diz respeito à junção de condições atmosféricas que ocorrem em locais específicos e de forma acentuada. O tempo, por sua vez, refere-se a um estado passageiro em um local determinado influenciado pelo ar atmosférico que pode ocorrer de maneira rápida ou lenta
Gillian Henry/ Getty Images

****Foto-planeta-terra.jpg
O tempo pode sofrer modificações provocadas pelas variações climáticas e por alterações meteorológicas causadas por processos naturais como incidência solar, órbita da terra, fenômenos como El Niño e La Niña e atividades vulcânicas, por exemplo
JUAN GAERTNER/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images

****Foto-usinas-soltando-gases-poluentes.jpg
Além disso, também pode sofrer interferências causadas, especialmente, por ações antrópicas, ou seja, devido à queima de combustíveis fósseis, desmatamento, emissão de gases poluentes e poluição do solo
AerialPerspective Images/ Getty Images

****Foto-chuva-na-bahia
Mudanças climáticas não acontecem de um dia para o outro. No Brasil, segundo climatologistas, além das ações humanas diretas, o tempo também sofre alterações devido ao aquecimento da temperatura do planeta, que pode causar modificações extremas
Reprodução

****Foto-dematamento.jpg
Com o desequilíbrio usual da natureza, todas as formas de vida do planeta passam a correr risco. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), desde o século 18 atividades humanas têm sido a principal causa das mudanças climáticas
Artur Debat/ Getty Images
0
Soluções
Mas há soluções. Como o financiamento público dos combustíveis fósseis, a redução drástica do desflorestamento e a expansão dos sistemas de fixação de preços do carbono. Segundo o estudo, tudo isso já está sendo visto, mas é preciso ser mais urgente e rápido.
“Ainda assim, será necessária uma enorme aceleração dos esforços em todos os setores para avançarmos para 2030”, aponta o documento. E dá outros exemplos:
- Aumentar drasticamente o uso da energia solar e eólica. A cota dessas duas tecnologias na produção de eletricidade cresceu a uma média anual de 14 por cento nos últimos anos, mas este valor precisa de atingir 24 por cento para se avançar para 2030.
- Eliminar gradualmente o carvão na produção de eletricidade sete vezes mais rápido do que as taxas atuais. Isto equivale a desativar cerca de 240 centrais eléctricas alimentadas a carvão de dimensão média todos os anos até 2030. Embora a construção contínua de energia alimentada a carvão aumente o número de centrais que terão de ser encerradas nos próximos anos.
- Expandir a cobertura da infraestrutura de trânsito rápido seis vezes mais rápido. Isto equivale à construção de sistemas de transporte público com aproximadamente três vezes o tamanho da rede de metropolitano, corredores de autocarros e linhas de metro ligeiro da cidade de Nova Iorque todos os anos ao longo desta década.
- A taxa anual de desflorestamento — equivalente a 15 campos de futebol por minuto em 2022 — precisa de ser reduzida quatro vezes mais rapidamente ao longo desta década.
- Mudar para dietas mais saudáveis e sustentáveis oito vezes mais rápido, reduzindo o consumo per capita de carne de vaca, cabra e ovelha para aproximadamente duas porções por semana ou menos nas regiões de alto consumo (Américas, Europa e Oceania) até 2030. Esta mudança faz não exige a redução do consumo das populações que já consomem abaixo deste nível-alvo, especialmente nos países de baixo rendimento, onde aumentos modestos no consumo podem impulsionar a nutrição.
Pontos positivos apontados pelo estudo
Há pontos positivos. Nos últimos cinco anos, por exemplo, a venda de veículos elétricos cresceu exponencialmente a uma taxa média anual de 65% – passando de 1,6% das vendas em 2018 para 10% das vendas em 2022. E há outros indicadores.
“Os esforços globais caminham na direção certa, a um ritmo promissor, embora ainda insuficiente”, diz o relatório, apontando para os automóveis elétricos, principalmente caminhões, como um respiro.
O estudo foi publicado no Systems Change Lab. Ele foi elaborado em conjunto pela Bezos Earth Fund, Climate Action Tracker, ClimateWorks Foundation, Campeões de Alto Nível das Alterações Climáticas da ONU e do Instituto de Recursos Mundiais.